O mercado de cervejas é um dos que mais investe em marketing. São inúmeras propagandas na TV, rádio, mídias impressas e digitais, muitos famosos contratados, camarotes em eventos e patrocínio de eventos. Além de divulgar a marca é muito importante tentar vinculá-la a algo. As marcas de cerveja são algumas das principais patrocinadoras de eventos, como por exemplo, o Skol Beats, CarnaBrahma, Praia Skol Music, Skol Folia e muitos outros, tentando atingir os mais diversos públicos.
E se tem uma coisa que combina com cerveja é futebol. Os grandes craques brasileiros, como Romário (Brahma e Kaiser), Ronaldo (Brahma), Zico (Nova Schin) e outros, sempre participaram de campanhas publicitárias do setor. Além disso as marcas patrocinam campeonatos e fazem de tudo para se colocar como a cerveja do futebol.
Em mais uma aproximação com o futebol a Brahma lançou em 2010 as latas temáticas de clubes de futebol. A ação não é inovadora, em 2008 a Polar, também da Ambev, lançou latas temáticas de Grêmio e Internacional no Rio Grande do Sul. Porém a Brahma, além das latas, criou bares temáticos para os times e não limitou a campanha a apenas 2 clubes.
A empresa fechou com os principais clubes cariocas: Botafogo, Flamengo, Fluminense e Vasco. Lançando latas que lembram as camisas dos times com número e tudo. Cada time teve o número escolhido de acordo com os craques de sua história. Depois foram os clubes mineiros, Cruzeiro e Atético-MG, que também ganharam latas e bares com decoração personalizada pela cidade. Além disso a marca tem estampado o backdrop (os painéis com a logo dos patrocinadores que ficam atrás dos jogadores durante as coletivas) dos clubes.
Só que esta semana mais uma marca entrou nessa de latas temáticas, e dessa vez é concorrente mesmo. A Kaiser, que não pertence à Ambev, anunciou um contrato válido até 2014 com os principais clubes paulistas: Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo. A empresa tem direito ainda de expor a marca em placas publicitárias nos estádios e utilizar o escudo dos times e imagens de jogadores.
O mercado do futebol com certeza dá retorno para as cervejas, não é atoa que no mundo inteiro elas patrocinam o esporte. O que acontece aqui no Brasil é que as marcas vão e voltam em sua estratégia e acabam não se firmando com nada. Na Irlanda a Guiness é patrocinadora do Rugby, e os consumidores sabem disso, assim como toda a Europa, e grande parte do mundo, sabe que a Heineken é a patrocinadora da Liga dos Campeões. Isso acontece porque é feito um investimento constante associando a marca ao esporte.
A Brahma é a patrocinadora da seleção desde 1994, foi patrocinadora oficial da Copa de 2010, e durante as copas do mundo promove uma enxurrada de comerciais com os jogadores da seleção. Já teve Romário e Ronaldo que lembravam a marca até em suas comemorações. A Ambev já declarou que quer que a Brahma seja a cerveja do futebol, e atualmente acredito que realmente seja.
A Kaiser viveu seus momentos de baixa, ficando até, para uma marca de cerveja, sumida da mídia. De uma das líderes do mercado na década de 90 passou a coadjuvante, perdeu mercado até mesmo para Itaipava e Nova Shin, e desde então vem tentando se recuperar. Atualmente a marca pertence à Heineken, que vem tentando reposicionar e levantar a cerveja. No passado já foram feitos muitos investimentos no futebol, além de jogadores como garoto propaganda a Kaiser chegou a lançar em 1994 a lançar a cerveja do tetra, uma edição limitada em comemoração ao título da seleção. Com a queda nas vendas e os problemas enfrentados a marca perdeu um pouco de identidade e já não se associava ao futebol como antes.
Em 2010 Romário estrelou uma campanha que fazia referencia à Dunga, então técnico da seleção e garoto propaganda Brahma, e o investimento no futebol foi ampliado desde então. O atual técnico da seleção, Mano Menezes, é garoto propaganda da Kaiser, que é agora patrocinadora oficial da Taça Libertadores da América, principal competição do continente. Além disso, a empresa lançou a promoção “Kaiser dá jogo”, que irá reformar 42 campos de várzea pelo país. A ação além de estimular o consumo também aproxima a marca do consumidor, e tem como garotos propaganda Mano Menezes e Serginho Chulapa.
Algumas vezes acontece de uma empresa se vincular tanto ao esporte que levam a fama até quando não são as patrocinadoras. No Pan do Rio, em 2007, o Banco do Brasil foi mais lembrado como patrocinador do evento que Oi. A diferença é que o banco não patrocinava o evento, ao contrário da empresa de telefonia que era patrocinadora oficial. Isso é resultado de anos de investimento no esporte realizado pelo Banco do Brasil.
O mesmo pode acontecer no mercado de cervejas. Se a Kaiser iniciar as ações de marketing mas não mantiver os investimentos terá perdido tempo e dinheiro. Corre o risco de mesmo sendo a patrocinadora da Libertadores e dos times paulistas ver o consumidor pensando que aquela na verdade é a Brahma. O passado da empresa justifica a aproximação com o futebol, mas a estratégia tem que ser definitiva e de longo prazo. Briga boa.
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