As notícias sobre a classe C estão diariamente nos meios de comunicação, e aqui no blog já fiz várias análises sobre o tema. Esse crescimento deixou de ser surpreendente, passou a ser prioridade, e hoje já está assimilado pelo mercado, que trabalha esse público cada vez, já de uma maneira natural.
Aí vem uma pesquisa do IBGE que realmente me surpreendeu: A classe D já compra mais que a classe B em oito categorias de consumo. A força e disposição da classe C eu já havia estudado, mas nunca percebi a classe D como uma nova grande força do mercado interno. Como falamos neste post, o mercado interno tem sido a fortaleza do país, e essa notícia mostra que a base da pirâmide tem sustentado nossa economia.
A renda domiciliar de uma família da classe D é de R$952, entre R$79 e R$327 por pessoa. Esse grupo consumiu em 2011 R$363,3 bilhões, número maior que o PIB do Chile, ou a soma do PIB do Uruguai, Paraguai, Bolívia, Equador, Panamá e Guatemala. É muito dinheiro!
E quando analisamos as categorias em que o valor gasto foi superior ao da classe B, temos demonstrações da força econômica que tem a base da pirâmide brasileira:
Categoria | Gastos classe D | Gastos classe B |
Alimentação em casa | R$66,8 bilhões | R$37,9 bilhões |
Medicamentos | R$16 bilhões | R$11,4 bilhões |
Transporte Urbano | R$14,8 bilhões | R$8,1 bilhões |
Eletrodomésticos e Eletroeletrônicos | R$10,9 bilhões | R$8,7 bilhões |
Higiene e Beleza | R$9,6 bilhões | R$8,6 bilhões |
Móveis | R$8,2 bilhões | R$7,7 bilhões |
Bebidas | R$6 bilhões | R$4,6 bilhões |
Artigos de Limpeza | R$3,5 bilhões | R$2,1 bilhões |
Considero o gasto superior da classe D nas categorias Alimentação em Casa e Transporte Urbano normal, por ser um grupo que tem menos refeições fora de casa e menos automóveis. O resultado das outras categorias no mostra como esse consumidor tem ido com força às compras, em itens não essenciais, como eletrodomésticos, bebidas e artigos de higiene e limpeza. Se compararmos com algumas pesquisas feitas com o consumidor da classe C, vamos ver que muitas categorias são iguais, o que indica uma semelhança entre os públicos.
O Brasil tem crescido de baixo pra cima. O aumento do poder de compra da renda baixa impulsiona a busca pelo luxo das classes mais altas, como tratei aqui. O que acontece é que esse fortalecimento da base da pirâmide torna nosso crescimento mais sólido, e amplia as possibilidades de atuação do marketing, pois permite novos posicionamentos, produtos e espaço para crescimento.
A classe D se torna mais uma força que merece ser observada e atendida pelas empresas. Como deixar de atrair um grupo de consumidor que consome tanto em um ano? O caminho aparentemente será o mesmo da classe C, e em breve teremos uma só classe média, mais forte e compradora. Tudo isso claro, se a política econômica do governo evitar inflação e endividamento em excesso.