Li uma matéria muito interessante na Exame, falando do cenário econômico do país nos últimos anos e perspectivas para o futuro. Foram anos de ouro para o consumo no Brasil. Foi o poder de compra do brasileiro que nos ajudou durante a crise mundial e colocou o país em evidência para investimentos externos. Entre 2004 e 2011 a economia brasileira cresceu 40%, e graças ao consumo interno. Como era esperado o brasileiro diminuiu o ritmo, e o governo passa a adotar medidas extremas para incentivar o consumo. E o marketing nessa história?
A redução de impostos, corte na taxa de juros e facilitação do crédito tem como objetivo manter o mercado aquecido, incentivar as compras. Para as empresas, ótimo, pelo menos por enquanto. O endividamento das famílias tem atingido números históricos (ontem foi tema de matéria no Jornal Hoje), e daí vem o motivo para tanta preocupação. Como incentivar uma sociedade endividada a comprar mais, e qual o papel das empresas neste momento?
É óbvio que nenhuma empresa vai deixar de vender, perder dinheiro e market share. No entanto, entrar na onda do governo pode ser perigoso. A demanda que o país oferece deve ser atendida, mas toda decisão de incentivo ao consumo deve ser pensada pelas empresas. Se o governo está baseando o crescimento do país e arriscando demais com medidas de incentivo, o setor privado não precisa fazer o mesmo. Bater metas de venda não pode ser o único objetivo quando se atua em um mercado emergente. O pensamento deve ser de crescimento conjunto com o país, de maneira sustentável, participando da maturação pela qual o consumo passa.
A situação da economia mundial é crítica, com os EUA ainda tentando uma recuperação, uma Europa cada vez mais em crise e uma China em forte desaceleração. Tudo isso pode – e que fique claro que é apenas uma hipótese – nos levar a uma crise muito pior que a de 2008. Só que neste cenário o governo brasileiro já teria lançado mão do estímulo ao consumo, e as famílias brasileiras já estariam endividadas demais. Bem mais fragilizado frente a uma crise, o mercado nacional seria fortemente impactado, e o resultado disso tudo é difícil de prever.
Quando há uma recessão, produtos de diferentes categorias competem entre si. O dinheiro que o consumidor tem já não permite que ele compre tudo que deseja, e a escolha não é apenas entre marcas, mas entre categorias. Do mesmo bolso que se paga um celular se paga uma TV, e em tempos difíceis nem sempre se pode ter os dois. O marketing tem o papel de conquistar espaço no mercado, crescimento de faturamento e vendas, mas nem sempre esse deve ser o foco. Em momentos de "aperto financeiro" nosso foco pode ser no fortalecimento da marca, na valorização do produto e da categoria como um todo.
Acompanhar a economia é muito importante para o profissional de marketing, pois isso nos ajuda não só a planejar e estabelecer metas, mas traçar as estratégias para atingir essas metas.