Nos últimos anos o mundo passou a olhar para o Brasil como a bola da vez. O desempenho econômico, crescimento do poder de consumo da classe média, estabilidade política e outros fatores atraíram a atenção e o dinheiro de grandes empresas. Novos players e investimento mais pesado de outros que já atuavam aqui tornaram o mercado muito mais competitivo, exigindo novas estratégias de marketing e administração. Tudo isso levou as empresas a procurar novas formas e territórios para expansão, e dentro do Brasil surgiu outra bola da vez: o Nordeste.

O crescimento do poder de consumo passa diretamente pelo desenvolvimento econômico do nordeste, região que concentra uma população de renda mais baixa, que vem agora migrando para a classe C. Se essa camada da sociedade se tornou uma potência de consumo, o nordeste seguiu o mesmo caminho. Os dados do IBGE traduzem esta teoria para dados de mercado. Segundo o instituto é cada vez maior a participação da região no número de empresas ativas no país.

O Brasil como um todo tem se modernizado, e através do consumo tem se aproximado de padrões americanos e europeus na aquisição de bens. É claro que ainda estamos infinitamente atrás quando se fala de qualidade de vida e acesso a bens de consumo, mas temos evoluído, e essa distância que faz do país uma grande oportunidade. O brasileiro quer melhorar seu padrão de vida, conforto e satisfação, e na nossa sociedade isso passa diretamente pelo consumo. Seguindo esta lógica, o nordeste é uma região com mais oportunidades ainda. Abandonado por muito tempo pelo governo e por grandes empresas, a região é muito defasada se comparamos com sudeste e sul.

No passado, empresas de atuação global optaram por não investir na região, porque o consumidor tinha baixo poder aquisitivo e as margens de lucro eram baixas. Hoje a população quer comprar o produto bom, e está disposta a pagar mais por isso, e onde há dinheiro e mercado, existe investimento público e privado.

Nos últimos anos a região passou a ser prioridade nas estratégias de expansão das empresas. A Danone, há muitos anos líder no mercado de iogurtes, sempre teve participação tímida no nordeste. Em 2008 a empresa concentrou esforços e no final de 2011 pela primeira vez conquistou a liderança de mercado, passando a Nestlé. Essa reação é fruto de um estudo, que compreendeu o consumidor local e teve um plano específico para conquistá-lo. Segundo a Nielsen, 64% das vendas no Nordeste vem das classes C e D, contra 36% da média nacional. Com essa informação a Danone construiu um portfólio específico, com arquitetura de preços atraente e uma distribuição com foco nas pequenas lojas de bairro, que respondem por 60% das vendas na região.

Esse é o caminho que o mercado encontrou para conquistar o consumidor nordestino. Em um país como o nosso, a cultura e o estilo de vida variam muito de um estado para outro, e falar a linguagem do consumidor é fundamental. O marketing é fundamental neste processo: Pensar global e atuar local. Os exemplos são vários, como patrocínio de times da região, concursos culturais com gírias locais, patrocínio de eventos e ações promocionais exclusivas.

Além do discurso de marketing, as empresas ampliaram sua estrutura. O número de players tem aumentado, e grandes players nacionais estão ampliando números de lojas, centros de distribuição e fábricas na região. O setor de franquias nos últimos três anos teve um crescimento de 15% no Brasil, e de 32% no mercado nordestino. A Showcolate, por exemplo, direcionou a verba da expansão que realizaria nos Estados Unidos para o Nordeste, considerando a região mais atrativa e com maior potencial. Batavo, Ricardo Eletro, Magazine Luiza, Nestlé, Bauducco, Vivo, Itaipava e Tridente são outros exemplos.

Durante muito tempo o Nordeste foi menos valorizado do que deveria, mas agora governo e empresas abriram os olhos.

.

Write A Comment